É meu amigo, o mundo ja esta com 6
milhões de pessoas, e se você ficar ai imitando os outros, não vai
chegar a lugar nenhum.
Talvez você
nunca tenha ouvido falar do ator mexicano Roberto Gomes
Bolaños, mas com certeza já assistiu um episódio de Chapolin. Com suas
anteninhas e olhar assustado de barata, o herói mais feio, covarde e
atrapalhado da TV é também o mais querido das últimas gerações em mais
de quarenta países. Entre seus fãs está Matt Groenig, criador dos
Simpsons, que homenageia o herói em alguns de seus desenhos.
O segredo do sucesso de Chapolin está em não seguir os outros
super-heróis. A única semelhança com eles está na cueca vestida por
cima das calças, mas é só. No mais, Chapolin é diferente. Se os
super-heróis são bons, Chapolin é excelente. "Sigam-me os bons", diz
ele que é muito melhor. "Não contavam com minha astúcia", proclama o
ingênuo Don Quixote moderno brandindo sua marreta biônica.
"Cervantes escreveu Don Quixote como uma crítica aos romances de
cavalaria e, guardando as devidas proporções, criei Chapolin como o
anti-herói latino-americano, uma resposta aos Batmans e Super-Homens
que nos invadem vindos do Norte", revela Roberto Gomes Bolaños,
criador e incorporador do herói-palhaço.
Ao invés de reles seguidor de padrões enlatados, Bolaños partiu para o
inusitado, o ridículo, o desprezado. Um viés evitado por quem teme
abandonar a segurança do pasteurizado, homogeneizado e consagrado, sob
o pretexto de não reinventar a roda. Essa posição cômoda também pode
ser encontrada em algumas estratégias de marketing, às quais falta a
ousadia de um Chan Kong-sang. Mas quem é Chan Kong-sang?
Como Bolaños, Chan Kong-sang criou e incorporou um herói diferente do
padrão Bruce Lee de pancadaria oriental. Jackie Chan, seu personagem,
rói as unhas nos momentos de perigo, apanha muito e se machuca de
verdade. Mas, entre mortos e feridos, salvam-se todos nos filmes que
costumam terminar com cenas dos erros de filmagem. Algo que jamais
veremos num fleumático Bond - James Bond.
Chapolin e Jackie Chan são casos de sucesso por não seguirem casos de
sucesso. Traçaram seus próprios caminhos e criaram seus próprios
estilos. Do mesmo modo como fizeram as empresas cujos casos de sucesso
insistimos em copiar. Atendemos cegamente quando elas nos chamam:
"Sigam-me os bons!". Seguimos e acabamos sendo, no máximo, bons. Nunca
excelentes.
"Se você quiser que seus funcionários façam um bom trabalho, diga a
eles o que você quer e encoraje-os a acertar. Se quiser funcionários
que façam um excelente trabalho, diga a eles o que você precisa e dê
permissão para que errem", escreveu Richard Kessler.
Quem segue é seguidor. Jamais poderá ultrapassar quem está na frente.
Obviamente há líderes que preferem que seja assim, para não perder a
posição. O dilema dos clones humanos não está na possibilidade de
alguém criar pessoas com uma capacidade excepcional, mas ao contrário,
criar seguidores medíocres.
Em 1998, quando comecei a escrever artigos de negócios meu primeiro
impulso foi adotar o modelo Harvard Business School, já consagrado.
Equilibrado, reverente e imparcial. Logo percebi que ninguém iria ler
se eu escrevesse assim. É simples. Não sou Harvard Business School,
cujos textos são lidos até se vierem em sânscrito. O ilustre
desconhecido aqui precisava achar seu próprio caminho. Assim nasceram
estas Crônicas de Negócios. Desequilibradas, irreverentes e parciais.
A mesma sugestão dou aos meus alunos e clientes. Não sejam seguidores
das grandes marcas. Elas só se tornaram grandes marcas por não
seguirem algum caso de sucesso, mas por desbravarem uma rota virgem.
Cada uma delas criou o Don Quixote, Chapolin ou Jackie Chan de seu
segmento, assumindo os riscos do ridículo para se transformarem em
modelos de sucesso.
Se quiser ser bom no que faz, siga algum modelo de sucesso. Se quiser
ser excelente, crie seu próprio modelo. Ainda que para isso precise se
vestir de palhaço, expor publicamente suas fraquezas e amargar as
conseqüências de seus fracassos.
Se fizer assim, é provável que nunca chegue a ser o Capitão América de
seu segmento, o que pode até ser uma vantagem. O mercado dá sinais de
estar cansado dessa jactância de poder e busca por algo mais simples,
informal e genuíno. Será você o próximo super-herói? Se for, seja
diferente dos outros super-heróis, até do Chapolin. Vista suas cuecas
sob as calças.
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